terça-feira, 24 de abril de 2012

Plug and Play

Artigos sobre mult-efeitos
Nesse mundo imediatista em que vivemos, em que cada vez mais as pessoas buscam coisas prontas. Quem nunca comprou um sanduíche pra matar a fome num domingo a noite??? Parece que ninguém mais sente prazer em fazer, em criar, todos querem as coisas o mais mastigado possível. Com os equipamentos de áudio acontece o mesmo, você compra um aparelho de som numa loja de eletro domésticos e ele já vem com aquele grave cheio, que bate no peito. Ouve-se na loja e soa enorme, daí você pensa: "É esse mesmo!!!!" Mais e o prazer de equalizar do seu jeito, de deixar as coisas como você a
 cha que tem que ser????

Pensando nessa tendência os fabricantes de equipamentos investem pesado nos chamados "Plug and Play." Aqueles equipamentos que você compra leva pra casa pluga e sai tocando. Hoje, qualquer pedaleira multi-efeito já sai de fabrica com um monte de bancos prontos pra você usar. Até mes
 m
 o alguns modelos de amplificadores já são assim. Legal isso né??? Seria se o som não fosse baseado na
 s leis da física. O timbre que você ouve é influenciado
  por uma série de fatores. Já reparou que quando você grava sua voz, e depois ouve a gravação, a voz s
 oa muito diferente do que você pensa???? É porque seus ouvidos estão muito próximos de sua boca, daí e
 les ouvem primeiro o som direto, depois as reflexões do ambiente onde você está. E a não ser que você esteja numa conversa ao pé do ouvido com outra pessoa,  ela ouve sua voz já misturada as reflexões e ruídos do ambiente. Esse é o seu timbre de voz. Outra questão, é que cada um percebe as frequências sonoras de forma diferente, nem um ouvido é igual ao outro. Entendeu como a formação do timbre é muito complexa???

Mais o que isso tem a ver???? Simples, pra o equipamento sair de fabrica já setado, alguém teve que fazer isso no fim da linha de produção. Algum músico, liga esse equipamento e tem o trabalho de criar os presets pra que você possa usar. Mais isso não é bom??? Depende, mesmo se o cara usar um equipamento exatamente igual ao seu, o som que ele vai ouvir lá vai ser totalmente diferente do que você vai ouvir no seu quarto. Lembra que disse que o som é baseado nas leis da física??? No seu quarto tudo vai influenciar direta ou indiretamente no seu timbre. As paredes, o edredom da cama, as cortinas da janela, a palheta que você usa, o seu ouvido, o clima... Opá!! O clima??? Sim o clima pode mudar o som. Frequências agudas se propagam melhor num ambiente úmido.

E ainda tem a questão do volume. Geralmente quem toca mais no quarto, costuma usar volumes baixos. Em um palco os volumes são maiores, seu som vai misturar com o som de outros instrumentos, vai bater nas paredes do local, nas cadeiras, nas janelas de vidro e voltar. O corpo das pessoas, as roupas, a espuma dos acentos, as cortinas, vão absorver frequências. Quem nunca passou por uma situação em que na sua casa o som da guitarra é ótimo, mais a noite durante o show esta horrível??? É por causa de todos esses fatores que sitei a pouco.

Mais então eu tenho que estudar os fenômenos da física pra timbrar bem???? Não necessariamente. Mais é preciso aprender a timbrar o instrumento na hora do show. Levar as coisas  prontas de casa, não funciona. Por exemplo: Se for tocar num lugar fechado, provavelmente você vai usar bem menos reverb que num lugar aberto, pois o local já tem reverberação. Se você chegar num ginásio pra tocar com a guitarra nadando num mar de reverb, seu som vai se perder no meio dos outros instrumentos.

O volume em que você ouve também influência nas suas decisões de equalização. Em volumes muito baixos, seu ouvido te engana dizendo que ta sobrando médios e faltando graves e agudos, isso se chama psico-acústica. É uma reação normal dos nossos ouvidos. Pra compensar isso você vai equalizar aumentando graves e agudos. Em compensação, em volumes muito altos acontece o contrário, você vai ouvir mais os graves e agudos que os médios. Aos desavisados, a guitarra esta situada na região dos médios, cortar essa frequência totalmente pode fazer sua guitarra soar maravilhosa sozinha, mais na hora que a banda entrar, a tendência é seu som sumir. Acostume a timbrar a guitarra no volume que você vai tocar.

O que acontece geralmente com o músico sem experiência de palco, é que ele timbra a guitarra num volume baixo em casa, ou até em fones de ouvido, num lugar geralmente seco como seu quarto. Daí usa uma equalização com mais graves e agudos, e pra compensar o ambiente muito seco, molha demais o som com reverb. A noite na hora da apresentação não vai conseguir ouvir sua guitarra direito no meio da banda, vai achar que é questão de volume e vai aumentar, aumentar e aumentar... Até chegar num ponto onde só se ouve guitarra no palco. Sendo que o problema era fa
 lta de médios, e a guitarra estava exarcada de reverb.


Mais então é ruim comprar esse tipo de equipamento??? Não!!! Você só precisa gastar algumas horas lendo o manual aprendendo a mexer, e mais algumas horas girando e apertando botões. Fácil!!! Você pode também escolher um preset que lhe agrade e configurar ele pra suas necessidades. Lembrando que, muitos desse presets de fábrica são feito pra mostrar o produto. Por exemplo: Pra mostrar que o chorus da pedaleira é bom, o fabricante vai exagerar no efeito pra chamar sua atenção, mais isso numa situação real não soa bem, chega ser até brega!! Lembra do aparelho de som na loja de eletro domésticos??? Ele já vem equalizado de fabrica com bastante grave porque é essa frequência que impressiona o ouvinte na primeira audição. O vendedor liga o aparelho, aumenta o volume, o grave bate no peito do individuo e se espalha por toda loja. O cara fica todo empolgado e emocionado, que compra na hora o aparelho, sem perceber que aquilo não é real. Experimente botar um monitor de estúdio que é flat, na sala do seu visinho pra ver se ele vai gostar do som??? Vai odiar, pois ele não quer um som flat, (sem equalização) quer ouvir o "gravão!"

Num próximo post vou dar umas dicas pra regular uma pedaleira multi-efeito, e num outra falar um pouco mais sobre equalização pra guitarra.

Um abraço!!!

4 comentários:

Adm disse...

Assunto interessante! Apesar de não gostar de pedaleiras, mesmo em pedais analógicos costumo ter problemas devido a presets, é muito comum regularmos os efeitos no quarto e tal e depois quando vamos tocar num outro ambiente notarmos a diferença. Com delays e reverbs, pelo menos comigo, é sempre assim. Aprendi que o legal é regularmos tudo conforme o ambiente e em acordo com a banda também

Unknown disse...

Exatamente Edson!!! Até o seu jeito de palhetar tem influência na quantidade de agudos, por exemplo. É muito comum os iniciantes trabalharem com varios tipos de de curvas de equalização. Por exemplo: Um timbre clean com compressor e delay bem brilhante e com bastante agudos, daí quando o cara muda pra um timbre de overdrive esse ja esta mais fechado, mais abafado. Alguns parametros são globais. Isso acotece mesmo em pedais analógicos. Estou preparando um guia de efeitos pra postar aqui no blog, acho que será bem util.

fabiocristovao disse...

Douglas, Parabéns pelos artigos. Você reuniu muitas informações importantíssimas em textos simples, diretos, agradáveis e repleto de conhecimento. Grande abraço.
Sou seu seguidor...
at
Fábio Cristovão

Unknown disse...

Obrigado Fábio, que bom que gostou... Volte sempre!

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