Quer melhorar sua guitarra?

"Minha guitarra é boa, mais não consigo tirar o som que quero."

"Queria que minha guitarra tivesse o som de guitarra do cara daquela banda."

"Minha guitarra é muito dura, não consigo usar certas técnicas com ela."

"Vou trocar minha guitarra, ela não faz o som que quero"

Ouço muitas reclamações desse tipo, por isso a idéia de passar umas dicas simples mais que podem mudar muito sua guitarra. Gastando o minimo possível.

Antes é preciso entender que cada guitarra, cada modelo de guitarra tem sua personalidade. Uma Gibson Es 175 como a da foto, é uma guitarra linda com um som maravilhoso, mais é horrível pra se usar com quantidades exorbitantes de distorção!!! Então, se você pensa em ter uma dessas pra tocar Heavy Metal, pode esquecer. Por ser uma semi-acústica, trabalhar com ela em altos volumes e com bastante drive vai gerar uma microfonia infernal. Então a primeira dica é:

Saiba qual a personalidade de sua guitarra, o que ela faz bem, onde ela "canta" melhor.

 Algumas pessoas gostam de guitarras versáteis, aque

 las do tipo faz tudo, as super strats como alguns costumam chamar. Podem ser uma ótima idéia pra quem
toca vários estilos, mais guitarra versátil é sinonimo de guitarra sem personalidade. Se você usa uma telecaster tradicional por exemplo e gosta do som dela, e quiser adaptar essa guitarra pra vários estilos, saiba que você corre o risco de perder as caracteristicas de telecaster que ela tem. Isso pode ser bom como pode ser ruim, depende do que você gosta.

Entendendo essas coisas vamos então a algumas dicas.


Primeiro vamos falar de cordas 


Cada fabricante tem suas especificações e timbres próprios, as vezes simplesmente trocando a marca que você costuma usar já de uma diferença. Eu por exemplo não me acostumei com as cordas Elixir, elas realmente cumprem o que prometem, duram que é uma beleza, mais não gostei do timbre. Claro que isso é uma opinião pessoal. A espessura também influência no timbre, cordas de calibre maior são mais encorpadas, timbram melhor, principalmente nos bordões e afinam melhor. Cordas mais leves facilitam a execução de técnicas como ligados, tappings e bends de 1 tom e meio ou 2. Mais costumam não afinar muito bem. Também vibram mais, isso aliado a uma ação de cordas muito baixa, pode trazer alguns prejuízos ao som, como trastejamentos e ruídos. Entenda que a corda precisa de um espaço de no minimo o dobro de sua espessura pra vibrar sem obstáculos, se você colocar as cordas muito perto dos trastes, esse espaço fica curto, impedindo que elas vibrem. Alguns fabricantes já oferecem cordas híbridas, com os bordões em espessura maior, pode ser uma alternativa legal pra quem toca estilos com bastante  riffs nos bordões, e ainda precise fazer bends nas cordas primas sem muito esforço. Nem precisa comentar sobre cordas velhas, né???? Nada de ferver cordas e passar palha de aço, esse tipo coisas não resolve, corda boa é corda nova.

Ação (Altura das cordas)

Muita gente gosta de uma  ação muito baixa de cordas, mais é preciso entender que nem toda guitarra é própria pra isso, e nem todo guitarrista sabe tocar com uma ação baixa de cordas. Pra se ter uma ação baixa de cordas é preciso levar em consideração alguns fatores, como  pegada do músico, os trastes precisam estar corretamente alinhados, (caso não estejam, é bom mandar fazer um retifica) regulagem do tensor e raio de escala.

O raio de escala mede a curvatura da escala, como na foto. Medidas maiores equivalem a uma escala mais plana, e menores mais curvas. É importante observar esse detalhe na sua guitarra, pois tem total influência no seu jeito de tocar e na altura de suas cordas. Raios menores proporciona mais comodidade para tocar acordes e bends, por isso a preferência por instrumentos vintage dos bluseiros. Por outro lado raios maiores são melhores pra se tocar frases rápidas
 . Os fritadores adoram esse tipo de raio de escala. Geralmente raios menores pedem uma ação de cordas mais alta, pra não trastejar, e não prender os bends durante a execução.

O tensor regula a ação das cordas no meio do braço, como na foto, com ele você consegue deixar a ação no meio do braço flat (plana) ou com um certo alivio. Sugiro deixar um pequeno alivio, para que as cordas vibrem melhor, coisa de 0,5mm já resolve. Uma dica é usar um cartão de visitas como referência de medida. Introduza o cartão entre o 9º traste e as cordas, se o cartão passar com muita folga, será preciso apertar o tensor, se estiver apertado, será preciso afrouxar. Apenas um quarto de volta por vez é suficiente, não é um parafuso que precise dar várias voltas. De um quarto de vota, afine a guitarra e veja se melhorou. Essa regulagem costuma voltar, fatores como clima, cordas novas e cordas de espessura diferentes podem mudar essa regulagem, por isso é sempre bom verificar essas medidas periodicamente. Geralmente, girando no sentido horário você aperta, e no anti-horário afrouxa.

A regulagem de altura no começo do braço é feita pelo nut, mais aí já é um processo mais complexo, pois será preciso usar uma lima pra abaixar as cordas e um enxerto se precisar subir. Não aconselho fazer isso sem experiência, procure um luthier. O risco de você perder o nut ou causar trastejamenteo nas primeiras casas é muito grande.

Alguns exemplos de raio de escala

Fender American Stratocaster  (atuais): 9.5"
Vintage Fenders: 7.25"
Gibson Les Paul: 12"
Ibanez (variam de 12" a 18"): RG e S: 14"
Violões Clássicos: flat (reto, sem raio)

Para se medir a altura das cordas usa-se como referencia o 12º traste. Use uma régua com contagem em milímetros, encoste no 12º traste e faça a medida da base da corda até a cabeça do traste.

Não existe medida padrão, você precisa experimentar pra ver o que mais lhe agrada. Cordas muito baixas facilitam a execução de certas técnicas como tappings, ligados, e frases velozes, mais tendem a trastejar mais se você colocar um pouco mais de força na mão da palheta, e como não tem espaço pra corda vibrar pode gerar falta de sustain e até uma
  certa quantidade de ruídos junto com as notas tocadas. Cordas mais altas facilitam o sustain e geram mais harmônicos, pois tem mais espaço pra corda vibrar. Deixam o instrumento mais duro, e exige um pouco mais das mãos pra tocar. O ideal é você testar e achar uma ação que lhe agrade.
As cordas obedecem o raio da escala também, se você usa um raio de escala mais curvo as cordas precisa obedecer essa curva também.
Algumas medidas de referência:

Baixa: De 0,5 até 2mm

Média: De 2 até 3mm

Alta: Acima de 3mm

Essa são medidas de referencia, nada de receita de bolo, tome como  ponto de partida e ache a melhor ação pra você.

Captadores

Captadores são o coração de sua guitarra. Eles tem a função de captar a vibração das cordas, juntar as vibrações da madeira e das ferragens. Sim, tudo vibra na sua guitarra, por isso de uma olhada pra ver se não tem nada solto, parafusos frouxos e peças soltas, pra que elas não vibrem de forma incorreta e acrescente ressonâncias indesejáveis as notas tocadas. Isso é mais comum do que você imagina. O captador pega isso tudo e transforma em notas musicais, por isso é bom entender seu captador. Não da pra falar tudo que envolve um captador, e nem é essa a intenção desse artigo, mais da pra dar algumas dicas básicas.

Primeiro vamos entender as caracteristicas do seu captador. É um single coil (Bobina Simples) ou um Humbucker???? (Bobina Dupla) Procure saber se os imãs são de Alnico ou Cerâmico, se eles tem uma saída baixa, média ou alta. Tudo isso influência no seu timbre. Captadores de Alnico costumam ter saída baixa e média, e timbre mais  cristalino, seu campo magnético é mais forte também, por isso não é uma boa idéia colocarmos ele muito próximo das cordas, isso
  pode prejudicar a afinação. O Cerâmico tem uma saída mais forte, mais é mais abafado. Geralmente quem gosta de timbres mais vintage prefere o Alnico, já quem gosta de sons modernos com mais saída prefere os Cerâmicos. Singles geram ruídos de baixa frequência, o famoso "humm." Um ronco característico desse tipo de captador, já o humbucker não. Se você tem singles com caracteristicas vintage na sua guitarra e esta tentando tocar "SAD BUT TRUE do Metálica" deve estar sofrendo com ruídos e com a falta de um som encorpado, Não???. Pra esse tipo de som, não é esse tipo de captador o mais indicado. Ele vai se sair melhor num rock clássico, ou num som mais bluseiro. Agora, se você procura um som mais limpo, cristalino, com agudos mais definidos, o cerâmico ta longe disso.  Como disse, as veses não é a guitarra que é ruim, mais o dono que esta empregando ela num estilo fora da sua personalidade.

Altura dos captadores

Quanto a altura dos captadores em relação as cordas, como disse, não é bom você aproxima-los demais das cordas pois o campo magnético dos imãs vão interferir na vibração das mesmas causando problemas de afinação, principalmente nas notas mais agudas, e até falta de sustain. Muitas pessoas usam os captadores muito próximos das cordas porque geram mais volume e mais ataque, realmente isso acontece, só que é preciso observe se você não esta tendo todos os problemas que citei acima. Quanto mais perto, mais volume e mais ataque, quanto mais longe menos volume e também uma certa perda de agudos. A maioria dos fabricantes pede que a distância mínima seja de 2,5mm.


Regulando a altura

Vou citar um exemplo de strato, OK???

Regule a altura do captador da ponte primeiro, ache um ponto respeitando as medidas que coloquei acima onde o som lhe agrade mais, pode ser necessário regular o lado grave um pouco mais longe das cordas pra equilibrar a sonoridade. Toque uma escala de duas oitavas e veja se o som esta uniforme. Se tiver mais ataque de um dos lados abaixe o lado em questão um pouco até soar uniforme dos dois lados. Ataque excessivo é quando você toca uma nota e ela sobe de volume rapidamente, se destacando mais que outras notas, isso pode acontecer tanto do lado agudo quanto do grave. Quando estiver do seu agrado, passe pro captador do meio, faça todo o procedimento anterior, mais agora sera preciso igualar o volume com o da ponte. Lembre-se sempre de ouvir se o som é uniforme dos dois lados do captador. Repita o processo todo com o captador do braço. Sempre procure uma distancia onde o volume seja igual nos três captadores, pra não ter uma discrepância de volume quando mudar de captador, e pra quando usar as posições intermediarias que combinam os captadores, ter o um som bacana. O processo é o mesmo pra qualquer guitarra. Você pode começar pelo captador do braço se quiser, o processo é o mesmo. Isso é legal pra quem usa mais o do braço. Alguns captadores costumam ter pólos separados, um pra cada corda, se você prestar atenção eles sem a curvatura da escala. Em alguns captadores você consegue regular os pólos individualmente.


Up date: A altura do captador deve ser medida com a corda pressionada no ultimo traste.

Uma ultima dica.

 O potênciometro de volume além de reduzir o volume Funciona também como um filtro de agudos, ou seja, a medida que você abaixa o volume vai havendo uma leve perde de agudos, isso pode ser bom, eu particularmente não gosto. Pra resolver esse problema uso um capacitor de 470pf  no potênciometro de agudos. (foto) Pode-se usar valores maiores, mais como sempre, experimente pra ver qual o valor que mais lhe agrade, só não recomendo acima de 1kpf, porque sua guitarra pode ficar muito estridente. Isso com captadores single, com humbuckers, pode ser menor o valor, 330 pf acho de bom tamanho. Uso muito o potênciometro de volume pra timbrar, pra mim é essencial essa modificação.

Obs.: Essa modificação já é um pouco mais complicada de se fazer, principalmente pra quem não tem muita intimidade com o ferro de solda, se for o seu caso, aconselho procurar um luthier.

Todas essas dicas, com exceção da ultima são fáceis de se fazer, não custam quase nada e o risco de você estragar sua guitarra é mínimo, então qualquer um pode fazer. Coisas como altura de cordas e de captadores são muito pessoais, não há necessidade de levar sua guitarra pra um luthier só pra fazer isso, é como levar o carro no mecânico pra ajustar o retrovisor ou a posição do banco. Você pode fazer modificações mais complexas na sua guitarra como troca de captadores, de hardware (ferragens), tudo isso ajuda a melhorar sua guitarra. Hoje em dia não se tem mais instrumentos de má qualidade, você pode comprar um instrumento mais barato e turbina-lo, o importante é saber as madeiras utilizadas na construção, o resto você troca facilmente. Qualquer instrumento de nível médio pode se tornar um bom instrumento de nível profissional, basta você fazer as modificações certas. Existe muito mito na net do tipo, "tal madeira que é boa," "tal captador que é bom." Como disse não existe timbre ruim, o que existe é timbre mal colocado. Tome cuidado com muita coisa que dizem por aí.

Obs.: Coisas mais complexas que exijam técnicas e ferramentas especificas, é melhor procurar um luthier pra fazer.

Espero ter ajudado, se tiver alguma experiência com algumas modificações pra melhorar sua guitarra compartilhe.

Um abraço.